27 novembro, 2017

O Mundo Curioso da "Tradução" Das Aparências...


O Mundo Curioso da "Tradução" Das Aparências...

As ferramentas de escolha, entendimento, tradução adequada de vida, existem, pra que a gente possa exercitar o livre arbítrio.
Querer que a felicidade dos outros seja correta, A PARTIR da nossa, acho um pouco de ingenuidade, ignorando que existe um coletivo.
A pergunta é: a tradução de como vejo a vida e da minha felicidade chega até o outro numa mensagem clara... descrevendo como penso, ou impondo meu modus operandi?
Felicidade só é felicidade a partir do meu modelo, moderno ou ultrapassado, de ver como a vida anda? Os "veículos" usados por mim... estão atualizados pra que o outro entenda minha linguagem e me responda à altura do meu pensamento, de minha mensagem? Atualizo meu software de entendimento coletivo conforme pede o figurino?
          
Se imponho um modelo de felicidade que o universo "não compra", é quase como abrir um restaurante e impor a comida do meu gosto e ou numa loja de roupa, o que visto, pra todo o mundo. Fica difícil a venda, o lucro. Assim vejo a vida, o face, os veículos.

Neste supermercado da vida, fazer essa compra da felicidade custa muito pra alguns que odeiam ir a supermercado, vão por obrigação. Por outro lado divertem outros que amam escolher os produtos, pra depois saborearem um jantar a dois, um almoço em família... enfim.

Dar um abraço por exemplo pra pessoas que têm dificuldade de carinho, ou são deficientes nas relações, pode ser um problema... um parto... e pode ativar um clique no interior da pessoa , onde ela se sinta desconfortável... vai criticar, falar mal de quem abraça, desconstruir... talvez duvidar da felicidade de quem abraça.
Pra outras, um abraço gostoso, daqueles que se sente o corpo da outra pessoa, passando energia boa... sem conotação sexual (ainda que exista esse tipo de abraço), esse tipo de coisa pode ser mais um agregador, mais uma pedra boa no dominó da felicidade.

Estar deficiente em algum produto, e ver outros com ele... talvez cause inconscientemente (e é legitimo) um certo desconforto... em nossa marcada linguagem de costumes sociais. A gente disfarça, impondo um mapa surreal da felicidade que nunca vai existir. Fazemos nossas compras, olhando torto pro cliente da gôndola ao lado...aquela que a gente não soporta.

Alguns se adaptam melhor, outros têm mais dificuldade. Simples assim. Tudo depende de nossa tradução de vida, de costumes.
Não devemos associar a felicidade, apenas com a bondade, com a humildade, são adjetivos que podem estar vestidos com um "remedinho" chamado dissimulação. Relacionar a felicidade a surpresas, a mimos... embora eles existam e sejam fofos... também é perigoso.

Porém, hoje temos veículos novos de comunicação da felicidade, se estão nas mensagens, no comportamento das pessoas, é pq elas em tese, sabem lidar com essas ferramentas... e então produzem um produto final adequado ao que elas pensam...quem tem dificuldade de usar esses "macetes"... dificulta o que pessoas maduras têm - um botão de liga desliga o assunto, isso não interfere em mim.
Costumamos ver vida a partir de uma tradução interior, com elementos que foram "instalados" em nossa consciência/inconsciência por dogmas, tradicionalismos, etc. Uns até são padrão e aceitos, outros não. Alguns temos que engolir.
Nem pra mãe da gente a gente conta tudo, vírgula por vírgula no dia a dia... conta algumas alegrias, talvez uma ou outra tristeza... porque então no face teríamos que mostrar tudo do jeito que algumas pessoas acham que é mostrar felicidade?
Ok, você conta tudo pra sua mãe? Own que ótimo. Mas isso não faz parte da maioria.
Redes Sociais, são grandes Supermercados, inclusive com alguns itens que não temos perto de casa. Coisa moderna.
Temos tantas gôndolas nesses "Supermercados" que com a linguagem de marketing moderna, vão balançar estruturas antigas, modelos ultrapassados, desejos ardentes por guloseimas, algumas coisas inadequadas. Mas felizmente ou infelizmente temos de administrar isso.
Imagina ir num supermercado e achar ruim ver itens de que não gosto expostos e sugerir que a gôndola que não me apetece, não exista... ou xingar as pessoas que a "usam, de infelizes, ou desconstrui-las com "a felicidade fake" delas, na minha tradução?!
O mundo é plural, mas às vezes esquecemos disso.

Por outro lado sempre achei que a necessidade de falar/postar algumas coisas... é proporcional à falta delas... à insegurança que temos em alguns itens como seres humanos. Às vezes nem terapeuta dá jeito... e dá-lhe criticas ao que vemos em nossa frente.
Ok.... esta minha síntese não inclui fotos de corpos decepados, animais dilacerados... essas gôndolas não devem mesmo entrar nesse jogo. Rrrrrr.
Quando vejo algumas declarações de amor ou desamor na internet, ou seja na vida, na praça, na TV, na festa, na balada... não critico a declaração, se está fake ou se é certo ou errado, mas o tom... pelo tom, dá pra ver que ali a coisa já era... e por algum clique do inconsciente a esposa, namorido, ou que tais, precisam marcar território. Estamos num mundo, onde tem tanto esperto de plantão, aguardando brechas. Se o tom tá errado, pode existir uma brecha. Espertos as usam bem.

É natural numa democracia, no capitalismo... uns poderem comprar coisas que outros não podem. O ideal cada um sabe o que e como seria...mas na vida não existe um supermercado onde entramos e levamos qualquer coisa apenas porque nosso ideal  é o ideal...e não me refiro a apenas produtos físicos. Algumas pessoas tem dons, são mais dinâmicas que outras.

Mais fácil trabalhar a psicocoisa, a tradução e falar melhor a linguagem que o universo compraria de você. Imagina você querer morar nos States e questionar a língua deles... pffff. Desapega, aprende a falar mister sem sotaque e saboreia as traduções daquilo que você vai entender/dizer/ouvir... seja amando ou odiando.

Pessoas ruins que traem seu cônjuge, não são um produto da internet... e em outras épocas também fariam isso, indo no cantinho da praça, no matinho, enfim... os recursos sempre existiram, só evoluíram. Essas criticas também existiam... mas claro... não se falava que era culpa da rede social, ela não existia. O problema está na rede dos neurônios que traduzem a vida, vista de forma positiva.
A vida não é colorida, mas também não é preto e branco... existem muitos tons aí. Basta querer enxergar.

Nas redes sociais existem pessoas e pessoas são como as que vemos na rua, na praça... podem ser bandidos, santos, ou gente carinhosa que adora trocar experiências, gente invejosa... enfim... gente que também pensa parecido... alias o papel, o algoritmo do face e de redes sociais é juntar pessoas que "pensam" parecido. Temos que tomar os cuidados que tomamos em outros lugares onde tem humanos.

Infelizmente o ser humano tem uma predileção por olhar o quintal do vizinho e acaba vendo entre outras coisas, algumas que não gosta mesmo. Existem filtros nas redes sociais, pra que nossos olhos não vejam coisas que não queremos ver.
Sabe aquele bar que tem alguém canalha que não queremos ver? Em algum momento da vida não fomos naquele dia, etc, porque não queríamos topar com a pessoa... neste caso acho o Face mais moderno, existem esses filtros.

Cada um tem um modelo do que é felicidade, um valor.

Antigamente era na praça, o povo que adorava arrotar caviar da mortadela do dia anterior... ia pras praças, dava voltas, vestido do jeito que achava correto, ou se comportando de forma que também achava estar abafando, estranha pra uns, moderna pra outros, fashion ou então excêntrica.
Nas festividades.. cada um levava o que suponha ser o melhor e demonstrava nas aparências o que não existia em casa. Enfim... seres humanos interagindo.
Com o tempo só mudou o veiculo, mas continuam os moldes de traduções, ora cagadas, ora modernas, umbigos largos, que não deixam ninguém viver e esquecem de viver...mas não porque estão certos ou errados, mas porque não sabem respeitar o quintal do vizinho... fazem da rede social uma extensão do que acham ser a casa deles. Esquecem que estão num "supermercado".

Tem também traduções mais modernas que fazem do que têm, a tênue linha do copo meio cheio.
Na minha opinião não precisa ostentar, até porque é perigoso, mas também não precisa soltar mágoa o tempo inteiro, frustrações vividas, só pra parecer humilde, confundido humildade com chatice. Ok não está proibido pra ambos os itens...felicidade ou frustração. Mas não precisa.
Fácil perceber essa necessidade de mostrar uma pseudo alegria que talvez exista, mas é expressada numa linguagem muito peculiar, com falhas na linguagem, onde quem vê ou escuta, acha superficial, mesmo quando parece intenso.

De toda a forma a frieza não é mostrada apenas nas redes sociais, afinal elas não têm nada disso, elas são o veiculo, quem as usa, leva esse itens pra dentro dele. Sabe aquele veiculo com musica mais alta do que o normal? O carro não tem musica, ela não brota sozinha,  quem a coloca é o motorista.

Alguém posta um relógio de ouro e dá aquela sorriso e a foto foca apenas nele... outros adoram postar o crush , outros ainda mostram quantas fodas deram na semana passada postando signos que indicam isso.
Existe vazio e tristeza fora do face... existe alegria e felicidade fora do face, das redes sociais, mas porque temos que eliminar esse veiculo? É quase como argumentar que temos que eliminar o celular porque ele não representa a felicidade.... ou jogar dinheiro fora, porque escutamos sempre que dinheiro não é tudo. Silogismos baratos. Não há mais volta. Ou administramos ou alimentaremos mágoas e frustrações, não por causa do face, mas através dele, inclusive.
Concluindo... viva a vida. Viva as manifestações. Desde que elas sejam no quintal de quem as propõe. Se você reclama ou critica porque respingos caíram no teu quintal... está correto (a), mas se esta apenas melindrado porque o quintal do vizinho tem mais verde que o seu, então, atualiza o software please.


Figueira Junior
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